domingo, 27 de maio de 2007

Que se chova!

No verão, desejamos o gelado. No inverno, o quente. No calor: sorvete, praia, ar condicionado, cerveja. Tudo bem geladinho, por favor. No frio: cobertas, casacos, café, aquecedor. Tudo bem quentinho, por favor. Frio demais, frio de menos. Calor de mais, calor de menos. Não há o meio termo, apenas a insatisfação. Seria o tempo, no sentido metereológico do termo, representativo dessa nossa necessidade de inaceitar o que é natural?! Uma inquietação própria de querer sair da condição que nos é imposta?! Não me venham com essa de aceitar de bom grado as dádivas divinas! Se assim fosse, agradeceríamos e aceitaríamos cordialmente as chuvas sejam chuviscos ou dilúvios, e os sóis, sejam fracos ou escaldantes. O tempo é representativo, a meu ver, de uma propriedade puramente humana de mau agradecimento. Chova ou faça sol, uns maus agradecidos.

7 comentários:

phillip spotter disse...

Concordo plenamente.

A grama do vizinho está sempre bem cortada. É regada com uma precisão vinícola. Cuidados dignos de vovó ermelinda, cuja atenção extrema aos detalhes cria um cenário perfeitamente propício aos tais males intrínsecos na natureza humana. Do outro lado, ficamos a desejar a mais verde grama, o mais quente casaco ou menos roupa o possível.

Talvez devemos apostar as notas de bêbado mau agradecido, amassadas no bolso traseiro da calça, na psicologia, e aceitar que nosso grande amigo, sempre presente na alegria e na tristeza, é o Sr. Murphy.

=***

Priscila de Oliveira disse...

na saúde e na doença...

Orlando Calheiros disse...

Très géniale, eu sou puto, puta fodida mal paga e torcedor do botafogo, ou seja, sou mal agradecido com o mundo.

Leo Loureiro disse...

eu aceito , as chuvas o frião o diluvio: "tudo bem!" hahahhaa
adoro o inverno, tirar os casacos do armario e colocar no sol pra queimar o mofo!
Verão tb é bom demais! Praia mta praia!

Vivi de Oliveira disse...

Eu me inquieto, eu respiro, eu vivo! Eu não quero aquilo dado de bandeja. Quero o que não tenho, e o que ainda não desejei ter...
Mau-agradecida e sem vergonha, sou.

Felipe Brito disse...

ahahahahaha

Adorei! Fez-me pensar no quanto nos afastamos da natureza... No entanto, o momento da reconcilização com esta combalida senhora está próximo, creio eu (um otimista).

O título do texto, como já dito, genial. São essa miudezas que me satisfazem, sabe...

Felipe Brito disse...

reconciliação*

Blé!