terça-feira, 1 de maio de 2007

A queda

Estava sentada no primeiro banco, frente à roleta do ônibus. Crianças sempre merecem meus olhares observadores. Uma delas adentrou no ônibus e foi passando por debaixo da roleta. No arranque do ônibus quase caiu. E teria caído caso não segurasse em mim. Eu aceitei cordialmente servir de apoio. E ela aceitou inocentemente meu braço. Uma pena que daqui a uns anos se tornará hesitante. Adultos são hesitantes. Hesitam tomar como apoio qualquer pessoa que lhe apareça pela frente. Não só hesitam como dispensam. É a ignorância da maturidade. É a predileção pela queda.

5 comentários:

phillip spotter disse...

predileção pela queda = orgulho idiota, né?!

a maturidade é uma merda. a inocência é de ouro, linda e pura.

com o tempo ficamos velhos e ranzinzas, com o peso insustentável da leveza do ser nas costas. cada vez mais corcundas ao passo da experiência. lavamos toda a inocência, ficando apenas as lembranças de uma época doirada.

"Meus olhos molhados
Insanos, dezembros
Mas quando me lembro
São anos dourados
Ainda te quero
Bolero, nossos versos são banais
Mas como eu espero..."

beijo, genious. =]

Anônimo disse...

Fico surpreso com a capacidade poetisar e filosofar em seus escritos...Lindo!

Anônimo disse...

ta é boa nisso menina...boa mesmo


beijo do bibo

Felipe Brito disse...

Não só pela queda, mas predileção pelo claustro.

A "vida lá fora" se faz gigante quando somos solidários, quando juntos, misturados. Vida isenta de partilha é coisa vã.

Tenho medo de um dia cair e não ter um braço firme por perto... (Quem não tem?).

Então eu vivo e sigo.

Beijos! As coisas vão muito bem por aqui, hein? :)

Anônimo disse...

.. Cresceu inevitavelmente. Enveredou pelos caminhos imaturos da maturidade. Abusou da arrogancia de ser nada, o poderoso ninguem...Relegou a ultimo plano as experiencias dos dias pueris, nada guardou da sapiencia das historia em quadrinhos.. E tenta inutilmente hoje ser o Homem de Ferro.. e se ferra toda hora.
.Envelheceu regressivamente.Curvo, hesitante, lhes retornam ao vocabulario um quase tatibitati inaudivel.Sem cabelos, sem dentes. De repente criança de novo, a entrar pela porta da frente da condução, a tropeçar com o arranco do onibus, e se segurar no suporte humano que ainda lhe resta.. a nossa comiseração sentada no banco da frente perto da roleta.