segunda-feira, 19 de março de 2007

Una ligación con Bukowski

– Buk?
– Ele.
– Como foi seu dia, velho?
– A mesma ladainha de sempre. Minhas unhas estão grandes... Preciso cortá-las. Fui ao hipódromo, tomei uns tragos, tropecei no maldito tapete na porta de casa...
– Eu, nada demais... Cortei as minhas na semana passada e eu lembro muito bem quando você diz que apesar de todo o sofrimento e violência e acidentes geográficos....
– Eu odeio quando você me cita!
– É inevitável.... Quando não é você, é Nelson Rodrigues... E outros mais... Tenho que reproduzir o que fazem de bom e dessa forma, parecer inteligente...
– Que merda! Vai produzir ao invés de ficar ruminando toda essa porcaria... É por isso que aquele idiota repórter me fez repetir o nome de Jonh Fante umas três vezes antes de aceitar que eu o tinha como o melhor escritor de nossos tempos... Vocês acham mesmo que só os clássicos servem de alguma coisa, né?! Somos treinados pra isso... Empinar o nariz pra qualquer coisa que cheire a novo... Mas que porra é essa de clássico?! Legado?! Veja bem, até a “gente” é mecanizada hoje em dia...
– Eu sei que não devo me importar com isso e.....
– É isso! A geração que se importa demais! Calça Lee, AIDS, música pop... Isso é realmente muito preocupante!
Silêncio
– Eu sei, eu sei.... É que somos filhos disso..
– Vocês são uns belos filhos da puta, isso sim! Veja bem, a revolução é “revoluçaum”, hoje em dia...
– E o que tem?!
– O que tem?! É que tudo isso não serve pra absolutamente nada...
– Mas você mesmo adotou o computador, abandonando a máquina de escrever...
– E daí?! E o que uma coisa tem a ver com a outra?!
– Apropriações da modernidade, porra!
– É claro... É muito mais prático... Você queria mesmo que eu continuasse com a velha barulhenta quando tudo se resume a apertar um botão quando se comete um erro?!
– Ok. Vou dormir... Você está bêbado.
– Sim... E você se importa?! Vamos lá... Não sou apenas um bebedor de cerveja...
– Eu sei.... Eu sei que significa muito ser filha do Bukowski. Eu te amo e te odeio. Já pulei contos seus, sabia?! Alguns tão doentios que não conseguia sequer passar da terceira linha. Mas eu não reclamo, já que a maior parte do tempo eu te amo. Sei lá quem o foi o sábio quem disse que amor e ódio caminhavam juntos... Foi Deus?! Ouvi dizer que Ele disse coisas sábias... Mas eu não consigo ser tão bem resolvida quanto você. Eu realmente sou clichê e sensível e raramente digna de pena. Agora vou me deitar. Cuide-se. Eu odeio te amar... Sei lá... Tentei construir uma frase que resumisse os dois sentimentos...
– Boa noite e quando aparecer traga uma garrafa de um bom vinho e sua falta de resolução.

7 comentários:

Unknown disse...

Booooooaaaaaa


não rpecisa de mais nada, vc já sabe q eu te acho genial mesmo!

Angie disse...

Em alguns momentos eu evito o velho Buk e o triste Dost.
bjos

Unknown disse...

Embora o meu conhecimento sobre Bukowski seja inexistente, achei o texto bacana e divertindo, e reflexivo ao mesmo tempo.

Bjos.

Anônimo disse...

Que maneira sensualmente agradável de escrever algo engraçado...Isso é incomum, sabia? Tem que levar isso adiante...

Anônimo disse...

"...eu? Tenho 30 anos,
a cidade está quatro ou cinco vezes maior,mas tão acabada quanto.
E as garotas ainda cospem quando
passo.Outra guerra se cria por outra razão, e não consigo emprego agora pela mesma razão de outrora:
não sei fazer nada, não consigo fazer nada..." ( Bukowski )

Filosofia bebada e genial geminada em vc..Aproveite,aprenda, desaprenda e aprenda de novo. Nesse meio tempo nos faça o bem de nos embriagar como o velho bebado Buk fazia, escrevendo e reescrevendo a filosofia torpe e bebada dos genios

Anônimo disse...

ora, ora! pais e filhos!

Anônimo disse...

Vinhos = Filhos