sábado, 17 de março de 2007

Contido e não contido

Meu choro deu pra ser contido... Uma coisa meio atriz de novela e não a mexicana. Uma coisa silenciosa. Sinto as lágrimas escorrendo, o nariz entupindo e nada mais. Sem soluço, sem suspiro de pesar, sem som. O som que tanto me dói quando vem de pessoas que amo. Aquele aperto no peito, aquele nó na garganta e nada mais. Sem escândalo, sem gritos, sem “onomatopéias” de dor. Quase todo dia. Eu pedi demissão, tranquei faculdade, meu namorado me largou. E o choro continua contido. Penso que poderia ser pior. Eu poderia estar desempregada e sem namorado... Ops! Por outro lado, meu riso também é contido hoje em dia. Nada de gargalhadas. Nada de chorar de rir. E se eu chorasse de rir, seria algo duplamente contido: pelo choro e pelo riso. Sabe aquele riso por consolação?! Que quando você ri, parece que se permite aquilo pras coisas não parecerem piores que já estão?! Então... Minhas brigas deram para serem contidas. Sem palavrões, sem berros, sem jogar objetos pelos ares. Meu canto deu pra ser contido. Acho que nem espanta os males, de tão baixo. Minha dança, minha transa... Tudo muito contido, discreto, sereno, calmo. Eu sonho com o dia em que meu mundo será esporrento. Que eu goze do mundo de uma forma esporrenta. Toda a porra saindo de uma forma escandalosa. Esbanjando e gozando. Até que essa maneira seja a maneira contida na maneira de se sentir as coisas.

7 comentários:

Unknown disse...

esse texto me lembra muito meu choro contido e interno numa despedida não muito distante (mas isso já é outra história).
Me emocionei bastante com o que você escreveu continue escrevendo assim mas mude sempre.

Anônimo disse...

Poesia no estilo Carpinejar...Belíssima!

Anônimo disse...

Bacana.

Gozar é importante.

Anônimo disse...

Há algo mais belo do que matar ou morrer por amor?

Quando leio nos jornais esses casos, um grande sorriso se abre em meus lábios e me espanto de ver de tão perto toda fragilidade e insensatez humana!
Cometer uma mostruosidade por uma paixão é o sinal da incapacidade humana de controlar seus sentimentos. E que seja sempre assim!!!

Anônimo disse...

Deveria ser lido com a musica "Believe" da Cher, ao fundo.
Tenta de certa forma abrir um portal para a Republica Livre da Porralandia.. O conteudo contido no "contido não contido" contem o incontido incontinente de uma Henry Miller de saias dos tempos modernos..Indecente borbotão de sua genialidade ...

Anônimo disse...

Gostei desse!!!! tem um tom de insinceridade ... saca? uma ironia malvada.

Anônimo disse...

Filha da Ironia... Adoro seu estilo soco-cócegas no estômago"