Aprecio a ação de se resgatar patrimônios históricos, quando esses, caindo as pedaços, causam desconforto a quem tem um mínimo de apreço ao que é um legado, a algo com representatividade histórica, reflexo do que não deve ser esquecido no tempo, o que não deve morrer com as lembranças. E portanto, é admirável vermos o processo de restauração, seja ele lento e represente uma imagem não muito bonita de se ver durante algum tempo, já que a fachada do local fica coberta de andaimes e telas protetoras. É provável que o local a ser restaurado represente algum incômodo para os pedestres. A recompensa vem quando a restauração é concluída, e nos deparamos com a beleza de um prédio que anteriormente poderia não ser olhado com muita atenção.
Sugiro a restauração dos mendigos, portanto. Que seja feita uma pesquisa até o estágio de degradação a qual chegou o indivíduo. Que se estude todo o patrimônio antes que a sua fachada tenha se reduzido a uma mera fachada deplorável, feia e suja. Já posso ver a revolução que seria. O senhor pedinte da esquina se transformando no retirante sonhador, o coroa fedido a cachaça, voltando a ser um jovem pedreiro, o adolescente cheirador de cola voltando a ser aquela criança sonhadora, fugido de casa pelos problemas estruturais de família. Até que a pele se transformasse em algo bonito de se ver novamente e que os passantes, se sentissem convidados a entrar na nova fachada, até que o odor fosse tão agradável a ponto de se respirar fundo ao lado. E que a vida fosse devolvida a eles, por conta das bases seguras, firmes, limpas e belas.
8 comentários:
Putz! que soco em nossos estômagos cheios!!!MUdar a fachada dos mendigos, das crianças...Foda!
Seleção natural?
Puts..lá vem ela c/ a letrinha miúda outra vez!!!!
rs
Bjo.
Concordo com a letrinha miúda.
E acho que você tá revoltada - o que é ótimo, vamos lá.
... eu gostaria que isso ocorresse.. mas ninguem disse que a vida seria fácil...
Sensacional.
Você tem umas "sacadas" ótimas, coisa de quem oberva a vida e o tempo. E que faz do tempo da vida ao que não precisa ser observado. (?)
Gostei muito do "Contido" e desse aqui, delícia de lê-los!
Voltarei mais vezes, ok?
Beijocas, alegria!
Detractor e ultrajante de nossa propria condição humana. Genial na concepção autoral. Afinal todos precisaremos em algum momento de preservarmos nossa propria condição de observador, critico, ou ate mesmo da nossa função de "carpinteiros" da estrutura nossa e do nosso semelhante. Qual nosso grau de responsabilidade? Qual nosso nivel de mendicidade? Em que momento somos observadores e quando estaremos sendo observados
No fim, estamos todos na mesma nave... Sempre em posição acima e abaixo de alguem, nessa viagem..
Com a queda das fachadas, retira-se a população inteira que vive embaixo delas...
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